segunda-feira, 31 de agosto de 2009

A Monstra

Chegou em casa dando graças à Deus, que dia! Deu beijo, boa noite e preparou um whisky para relaxar desse mundo. Esse mundo tenso, esse mundo falso, onde todos mentem, corrompem e enganam. Onde vale a lei do mais forte, quer dizer, do mais canalha, e nisso ele tinha ficado bom. Nunca foi seu sonho ter essa frieza, não foi criado assim, só dançava conforme a música para poder vencer, portanto nunca compartilhou suas ardilosidades com a família, eles são puros demais pra entender esse mundo. Queria dar um alto padrão material de vida a si mesmo, à sua mulher e aos seus filhos. Em suma, suas intenções eram boas, só os caminhos tortuosos. O sistema é que era podre, ele só estava se adequando. A culpa é dos outros, não dele.

Quando mergulhava o gelo na bebida, foi surpreendido pela mulher.

- Você é um psicopata!

Não podia esboçar reação, estava petrificado! A monstra, sorrateira, perfurou seu peito com aquela frase. A monstra tinha o topete de reclamar de meus métodos, que lhe davam uma vida de rainha! Que caráter - sempre admirado, agora temido. É só uma fase, em breve serei vereador, expandirei meu império, fortalecerei meus capangas, aprimorarei meus esquemas e então viverei com minha família na santa paz que merecemos! Nem ligo pros bárbaros que estiverem em meu caminho, vermes!, quero o bem estar dos meus!

Mas lógico que não falaria isso. Tinha de manter a pose de bom moço que um dia já foi para a esposa. Tratou de dourar a pílula.

- Psicopata não. Sou um político em treinamento.

Um comentário:

  1. Temos que rir pra não chorar,certo?!
    Interessante essa diferença (sutil) de um pro outro,embora acabem na msm plataforma de sentido!

    Mandou bem,meu velho.

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