terça-feira, 28 de agosto de 2012

Meditação

Não faço parte da humanidade.
Não estou na internet, conectado numa rede de fractais.
Não estou sob a bandeira de nenhuma nação, cidade ou time.

Também não vejo meus diferentes.
Não vejo tropas, populações nem torcidas.
Tenho certeza de que não há nada fora de mim.

Minha voz é silêncio.

Minha respiração vai se apaziguando, como se meus pulmões não quisessem mais contribuir para agitar o ar ao meu redor.
Lentamente, a brisa vai indo mansa, só pra manter viva a brasa do viver.

Meus desejos não ardem em combustão.
Não quero batismo de fogo.
Não penso em poder.

Não tenho sexo, não tenho dilemas, não tenho emoções.
Não escolho lados, sigo um caminho só.

Sou apenas eu, apenas exisitindo.

Não represento filosofia, religião ou ética.
Não sigo leis, nem estatutos, nem ordens.
Não estou do lado de ninguém.

Ninguém tem lado. Não vejo bem ou mal.
Não vejo ninguém.

Minha voz é silêncio.

Minha respiração, uma brisa, me deixa sentir a poeira baixar.

Meu fogo já não é nada além de brasa.
Minhas vontades, meus planos, minhas metas não mais me consomem.

Não preciso me completar em outra metade.
Não tenho opostos nem iguais.

Sou apenas eu, apenas meu corpo existindo.

...

Aos poucos, vou me desligando de tudo.
Não penso
Não vejo
Não falo.
Meu coração só bombeia sangue
Não tenho vontades
Não tenho movimento

Sou apenas.
Como um hierofante de férias, uma pedra sem caminho.