domingo, 15 de novembro de 2009

Desabafo - Onde está meu Rock'n Roll?

Capital Inicial era uma banda boa. O Rappa não tocava junto com Mr. Catra. Cazuza ainda estava vivo. Cássia Eller ainda estava viva. O Rock in Rio ainda fazia sentido. Não havia politicamente correto. A vaidade não tinha subido completamente à cabeça, ainda se tinha amor à musica. Jazzistas e bluezeiros de formação tocavam uma nova música ensurdecedora. Ainda se tinha a viva nessecidade necessidade de criar, não importa o que acontecesse. Artistas eram artistas mesmo, não tinha essa coisa vazia de se fazer de atormentado.

No dia em que tudo isso deixou de existir, o rock morreu. Se não morreu, anda bem solitário, cheirando a mofo, ainda mais blue do que quando nasceu. E veja bem, não estou falando da solidãozinha dessas bandas modernétes, com meninës estilozinhos num palco azul escuro, se fazendo de vampirinhos neo-modernos. Isso não é rock. Rock é vigor, é essa coisa de ter o mundo nas mãos, só porque teu baixo tem graves poderosíssimos, e essas baquetas estão acordando os deuses, e essa guitarra é a liberdade em forma de trovão. Cadê isso nas bandas de hoje?

E não acredito, de verdade, que eu seja a única alma viva revoltada com os rumos da música e que ainda acredite na música, apesar dela estar meio podre. Não é possível todo mundo achar normal meninos brancos de classe média cantarem música "de ghetto, yo!", idolatrarem idiotas que tratam as mulheres como uns pedaços de carne num filme pornô barato ou terem que estar com muito álcool na cabeça pra poderem achar uma balada legal. Pois é, tem gente se "badala" num lugar onde esse tipo de música toca a noite inteira num volume alto pra cacete.

Não é mesmo possível que só eu tenha saudades das coisas que enumerei no primeiro parágrafo. Não pode ser possível que mais ninguém queira transformar nossa realidade musical. Não aceitarei me apegar ao passado assim à toa. Não aceitarei virar bolor. Pedra rolando não cria limo.



...

P.S.:Porra, eu tenho um sério problema com a palavra necessidade. Nunca acerto de primeira.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Keep On Tryin'

Os hippies têm a razão. Os hippies e os loucos. Se algo não é feito com paz, amor e entendimento, esse algo não é humano. E se não é humano, não faz bem nenhum. Não é humano a falta de amor, nem a falta de respeito, nem a de boa vontade para entender o outro.

A agressividade não é o caminho para resolver problemas, muito menos uma boa resposta a outro ato raivoso. Se lembra que Jesus falou para oferecer a outra face, quando lhe derem um tapa? Não é uma questão de passividade, de "silêncio dos inocentes" nem de viadagem. O que ele realmente quis dizer foi algo do tipo "Podem me bater a vontade, seus merdas. Esses petelecos que vocês chamam de chicotadas nem fazem cócegas. A paz divina é eterna e é o único caminho. Vocês não vão conseguir mover uma palha sequer se continuarem com essa babaquice", mas com metáforas tudo fica charmoso como o pôr-do-sol alaranjado trazendo o gosto de mato à boca clara, e nessa um monte de gente não entendeu.

Somos humanos, antes de mais nada, não somos animais de sangue frio. Magoamos os outros com os nossos erros e, sem querer, a raiva aparece de rompante, tenta ferver o sangue, subir à cabeça e nos empurrar a coisas estúpidas, na melhor das hipóteses. Só que é nessa hora, mais que nunca, que devemos lembrar de três coisas: que o nosso direito acaba onde termina o do outro; que raiva é loucura passageira e; que erros são resultados da inexperiência.

Deixar de lado a mágoa e a vingança. Já cheguei à conclusão de que quem sacaneia os outros já tem uma vida muito medíocre. Não dá pra perder precioso tempo e valiosa saúde tentanto piorá-la, desgraçando uma pessoa desgraçada. O que fazer com a energia ruim da raiva? Ora, se nada se perde, nada se cria e tudo se transforma, transformemos a raiva em boa vontade, em energia criativa, qualquer coisa que não machuque outros seres humanos. Olho por olho e o mundo todo acabará cego.

Paz, amor e entendimento, um bom estilo de vida. Não precisa ser hippie ou usar alucinógenos para acreditar nisso. Basta ter boa vontade e fé no futuro - o passado passou e o presente não nos pertence. Fazer da queda um novo passo de dança. Perdoar a queda do outro, perdoar a si próprio. Dançar junto. A compreensão é o único caminho para a paz.

Keep on Truckin'

domingo, 11 de outubro de 2009

Cultura Não-Inútil

Depois de muito aprender, percebi
Eu não sei o que todos sabem
E o que eu sei ninguém sabe

Afinal, tudo que aprendi até aqui
É como ser eu, humano.
Travessia.

sábado, 10 de outubro de 2009

Vivendo com Uriah Heep

Uma pequena lista com as coisas que aprendi um dia e o Uriah Heep não me deixa esquecer. Baseado numa história real que podia ter sido mais do que foi.


- Não é necessário ser um virtuose em seu instrumento. Se você souber fazer canções lindas e marcantes com simplicidade, faça-o.

- Por mais lindas e marcantes que sejam suas criações, sempre há o risco de estar à sombra de um virtuose.

- A imprensa é traiçoeira e pode atrasar sua vida um bocado. Não importa se o público te ama demais, se a imprensa não vai com a tua cara, você terá direito a apenas um parágrafo curto na bíblia do Rock.

- Apesar de haver gente contra, continue a trabalhar. O tempo corrigirá injustiças se você não desistir de trabalhar com competência.

- Dê tudo de si no palco, mas divirta-se.


- Por mais jovem que seja, você pode morrer a qualquer momento - eletrocutado aos 27, como Gary Thain, ou do coração aos 38, como David Byron.

- Ao lidar com as pessoas que ama, jogue sempre com todas as cartas na mesa. Assim como você, elas podem morrer a qualquer momento. E aí, campeão, como vais lidar com as coisas que nunca foram ditas?

- Nunca se esqueça de descansar, por mais divertido que seu trabalho seja.



- Se você não tem sua saúde plena, você não tem nada.

- Nunca perca contato com as pessoas com as quais você tem uma química quase divina. Elas sempre tornarão seu trabalho divertido.

- Ninguém é facilmente substituível.

- Nunca se esqueça que a juventude acaba, mas a vida continua. Amadureça, reinvente-se e deixe bem claro (para si mesmo, inclusive!) que os anos 70 não voltam.


- Rock'n Roll rejuvenece.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Enem, Três Fábulas Modernas

Acho desnecessário, mas em tempos de politicamente correto preciso lembrar: todos os nomes, personagens e situações desse post são fictícios e criados por este que vos escreve. Em caso do prezado leitor encontrar semelhanças palpáveis com a realidade, aconselho fortemente uma reavaliação de conduta e/ou de companhias.

Ou não. Lembre-se, esse texto é uma fábula, escrita por um devaneiador ocioso que ainda tem espinhas na cara e não tem a menor pretensão de salvar o mundo, conscientizar o povo ou coisa do tipo.

...

O pobre diabo revirava-se na cama do apartamento vazio. Pobre diabo é, na verdade, maneira de dizer. Um sujeito que à meia noite prepara um bule de café com certeza está procurando sarna pra se coçar. Alta madrugada, o infeliz já agitado de tanta cafeína se agita ainda mais na ânsia de querer dormir. Resolve levantar, dá um passeio pela casa, vai até a varanda, precisa tomar um ar fresco. Ar fresco, aliás, é um mimo trazido pela madrugada paulista - e ninguém mais.

Uma coisa leva a outra, a agitação o faz pensar um monte de besteiras. Começa a lembrar sua vida ordinária, de trás pra frente. Beco sem saída, divórcio, falência iminente, isolamento, pretensão, tumulto no casamento, exageros, vaidade, fraqueza, tudo isso depois que uma ex de adolescência tinha se suicidado. Ah, Laurinha, se você ainda estivesse aqui tudo seria mais fácil. Por que nosso romance desandou? Por que deixamos de lado aquele amor perfeito? Quando começou a pensar que tinha matado a pobre Laura de desgosto, afastou-a, se pôs a pensar em outra coisa. Não queria entrar em surto de novo. Tentou serenizar-se e chegou à conclusão de que só sendo criança de novo iria ser feliz.

- rrgnnnhhgg... Alô?
- Oi, é do açougue?
- rnnmmm... Não.
- Então por que eu estou falando com uma vaca?

Desligou e riu forçosamente. Forçou uns quarenta segundos até sentir que o trote do açougue perdeu completamente a graça que nunca teve. Precisaria aloprar mais para satisfazer sua criancice. Como moleque, resolveu tentar extrapolar seus limites só pra provar. Esqueceu conseqüências, mandou sua maturidade ao raio que o parta e foi brincar com coisa séria. Raivinha do mundo. Aproveitou que a mãe não estava olhando e discou. Dois tu-tu-tu depois, alguém atende com o ar ocupado que só os adultos têm e ele não queria ter.

- J.J. Blóide*, editor chefe, boa noite.

Que Deus conserve sempre a ignorância nas crianças e tire a criancice dos ignorantes...

...

O pobre diabo (esse sim, merece o título) estava emputecido - perdoem-me, mas não há outra palavra. Saiu pelas ruas esbravejando, amaldiçoando, xingando, tudo junto. Às vezes chegava até a dar socos no ar, tamanha era sua raiva. Dentre tantos atos secretos pra revogar, revogaram logo aquele que lhe dava o emprego. Não via sentido em pegá-lo para bode expiatório, tampouco via sentido quando a imprensa resolveu jogar merda no ventilador. Todo seu meticuloso plano de subir na vida fora por água abaixo. Pior, agora sentia um vazio dentro de si. Não podia mais entrar nos prédios do planalto central com aquele ar de falsa humildade, não podia mais influenciar ninguém, não podia mais pedir favor a ninguém. Ou podia?

- Alô, Oliveira. Lembra de mim?
- Padilha! Claro que sim! Estava até pensando em te ligar mesmo, rapaz. É sobre aquele lance que você me adiantou, lembra? Muito obrigado. Mesmo. Eu não poderia sem a sua ajuda. Você foi um grande rapaz, conhece as pessoas certas, hein. Quero te retribuir, mas nem sei como.
- Que isso, não há de que.
- Fiquei sabendo o que fizeram contigo. Achei uma puta injustiça isso. Logo você? Sacanagem. Mas não fique assim, logo aparece algo e você volta. Olha...

Nem quis ouvir, nem quis voltar. Estava muito furioso mesmo. Raiva, orgulho ferido, ingratidão, injustiça, falsidade, tudo o atingia e se misturava dentro dele. O próprio Oliveira estava sendo um porco falso naquele exato momento.

- Você gostou mesmo do que eu fiz, Oliveira?
- Ora, se gostei!
- Então acho que sei como você pode me retribuir. O meu filho sonha com a universidade, sabe...

Oliveira lhe repassou as provas do vestibular, na íntegra e na surdina. Afinal, achou o pedido do Padilha uma mixaria e nem se incomodou em retribuir com essa esmola. Na verdade, nem entendeu o pedido, poderia colocá-lo na sala de aula num estalo, pra que vestibular?

Três dias depois, entendeu. Soube que Padilha ligou para o maior jornal do país pedindo dinheiro ou então iria faltar ventilador pra tanta merda.

...

Barbixa era quase um mito. Simpático, inteligente, charmoso, querido por todos na faculdade, brilhante aluno, pegador invejável. Era presidente do grêmio estudantil há anos e por isso tinha certos privilégios, como a chave do diretório acadêmico, cortesias etílicas no barzinho do campus e uma certa "imunidade administrativa", cedidas a ele com grande prazer. Só tinha um único defeito, coitado, sua vaidade freqüentemente lhe subia à cabeça. Conta-se que, certa noite, quis impressionar algumas calourinhas e, para isso, organizou, com a ajuda de um colega, uma "festinha" particular para elas no diretório acadêmico durante a noite.

Lá pelas tantas, depois de muito álcool e alguma maconha, o ego de Barbixa estava à mil.

- ...e eu vou provar pra vocês como o Brasil, enquanto nação, não tem soberania nem sobre seu próprio sistema! São pretensiosos os que dizem que pensam com a cabeça. O calor tropical, resultado das irradiações cósmicas racionais, não pode ser controlado pelos seres terrestres! Eu vou começar a construir uma revolução aqui, agora. Basta ligar pros vermes da mídia controladora fazendo denúncias vazias de uma suposta fraude e ameaçando uma vaga extorsão. A classe média submissa vai se apavorar. De quebra, a burguesia vai atrasar seus planos de lavagem cerebral em massa.

Aí ligou prum jornal de grande circulação e lançou a revolução mais medíocre de todos os tempos. Não me atrevo a dizer que foi de todo infrutífera: a classe média se apavorou, a "burguesia" atrasou levemente seus planos e as calourinhas, impressionadíssimas e bêbadas, realizaram todos os desejos de Barbixa e seu colega naquela noite.

Que Deus perdoe todos aqueles que se impressionam por qualquer merda e todos aqueles que fazem qualquer merda para impressionar.

...

* Personagem de Arnaldo Branco.

domingo, 27 de setembro de 2009

Revivendo emoções

Hoje acordei com vontade de gritar É TEEEEETRAAAAA!!! de novo. Só Deus sabe porquê.



Coisas da geração "Vai que é tua, Taffarel!!". Até chorei de alegria.

domingo, 6 de setembro de 2009

Sorriso de Vidro

Sonhou que era uma criança, com dentes transparentes e tudo. Ao acordar, não sabia dizer se era um homem que sonhara ser uma criança ou uma criança que agora sonhava ser um homem.

Parafraseei.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

A Monstra

Chegou em casa dando graças à Deus, que dia! Deu beijo, boa noite e preparou um whisky para relaxar desse mundo. Esse mundo tenso, esse mundo falso, onde todos mentem, corrompem e enganam. Onde vale a lei do mais forte, quer dizer, do mais canalha, e nisso ele tinha ficado bom. Nunca foi seu sonho ter essa frieza, não foi criado assim, só dançava conforme a música para poder vencer, portanto nunca compartilhou suas ardilosidades com a família, eles são puros demais pra entender esse mundo. Queria dar um alto padrão material de vida a si mesmo, à sua mulher e aos seus filhos. Em suma, suas intenções eram boas, só os caminhos tortuosos. O sistema é que era podre, ele só estava se adequando. A culpa é dos outros, não dele.

Quando mergulhava o gelo na bebida, foi surpreendido pela mulher.

- Você é um psicopata!

Não podia esboçar reação, estava petrificado! A monstra, sorrateira, perfurou seu peito com aquela frase. A monstra tinha o topete de reclamar de meus métodos, que lhe davam uma vida de rainha! Que caráter - sempre admirado, agora temido. É só uma fase, em breve serei vereador, expandirei meu império, fortalecerei meus capangas, aprimorarei meus esquemas e então viverei com minha família na santa paz que merecemos! Nem ligo pros bárbaros que estiverem em meu caminho, vermes!, quero o bem estar dos meus!

Mas lógico que não falaria isso. Tinha de manter a pose de bom moço que um dia já foi para a esposa. Tratou de dourar a pílula.

- Psicopata não. Sou um político em treinamento.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

O Monsto

Certo dia, ela tira os óculos, leva as mãos ao rosto e o esfrega, como quem quisesse reunir forças para subir as escadarias da igreja da Penha. Quase titubeou nas palavras, mas estava diante de um mentiroso frio e calculista, um manipulador inescrupuloso e ambicioso. Como aquele homem mentia tanto com tanta naturalidade? Não viveria mais um segundo em tenebrosa companhia.

- Você é um psicopata!

O homem recebeu a notícia e era todo silêncio, sua boca, seus olhos, seu rosto, nada demonstrava abalo. Refletiu uns poucos segundos e respondeu, com toda a calma do mundo.

- Psicopata não. Sou um político em treinamento.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Trilogia da Libertação

ou Cansei dessa Vidinha Mais ou Menos ou Fome de Mundo.

Cansaço: Maldita Contra-Corrente!

Diz-me, sem máscara e com franqueza,
Quando foi a última vez em que sonhaste?
Quando foi que deixaste de viver
E passaste a levar a vida lutando
Contra os lugares em que ia,
Contra ti mesmo e
Contra a vida que se abria?

Medo: Suspiro Platonista

Bons mesmo eram aqueles dias
Quando uma só troca de olhares
Bastava pra fazer valer o dia.

Epifania: Empirismo Lifestyle

Segue tua vida sem rancor.
Segue.
E não te preocupas.
Fontes existem para serem bebidas
E frutos para serem devorados.
Não há sonho sem vida.


Pedro Prata - 27 de novembro de 2008

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Ciranda em Vermelho

Ou Brincando de Gonzaguinha

Eu já tenho observado
Uma coisa muito triste
Esse povo é tão calado
Quando vê um dedo em riste

As pessoas já não falam
Ninguém entra em discussão
Já não sabem pr'onde andam
E só olham para o chão

Eu já tenho observado
Esse povo muito triste
Sendo sempre torturado
Pela luta que persiste

Uma luta que não acaba
Não vai nunca ter um fim
Só acaba essa diaba
Quando não disserem "sim"

E eu tenho observado
Com bastante indagação
Como pode ser guardado

Tão forte grito de NÃO
Dentro de tanto coração?

Tão linda rebelião
Dentro de tanto coração?

Tão sã indignação
Dentro de tanto coração?


Pedro Prata - 05 de julho de 2009

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Fernando Sabino

"As coisas são como são e não como deviam ser - ou como gostaríamos que elas fossem. O que não tem solução, solucionado está - não adianta gastar boa vela com mau defunto.
Se quiser que alguma coisa mude, e não puder fazer nada, espere, que ela mudará por si.
Toda mudança é pra melhor: se mudou, é porque não deu certo.
Mais vale passar por um apertinho agora do que por um apertão o resto da vida.
Antes de entrar veja por onde vai sair.
Faça somente o que gosta. Para isso, passe a gostar do que faz.
Trate os outros como gostaria de ser tratado.
Não se deve aumentar a aflição dos aflitos.
A única forma de resolver um problema nosso é primeiro resolver o do outro"

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Trilogia a um amor que não foi...

ou "Grito aos tímidos desse país".

Sobre castanhas e sonhos

Ah, se eu pensasse com asa
Se o castanho do teus olhos
E as castanhas dos meus sonhos
Se encontrassem numa brasa...
- mas eles nem se vêem!

Nosso circo

Ah, cidade dos palhaços
Mundo grande e colorido
Só magia nesse espaço
Infinito,divertido

Fazer trança em seu cabelo
Quanto tempo para vê-lo!
A cor do nariz de palhaço
É a cor agora da minha cara

Haicai do P

Apesar dos penosos pesares
Proponho parar de parar
Podemos parear e pirar

Pedro Prata - Julho/2008

Após o vestibular, vem a arrumação. Folhas, apostilas, cadernos, folhas, provas, apostilas, folhas, livros, post-its, xerox, folhas, folhas, folhas e por aí vai. Reencontrando essas minhas saudosas papeladas, descobri que 2008 foi um ano muito produtivo para o meu eu lírico. Exemplo bacana é a Trilogia acima: encontrei a primeira no rodapé de um Simulado, a segunda num rodapé de uma prova de Português e a terceira ao lado de um dever de Geometria Analítica. Algumas folhas chegam ao ponto de terem mais manifestações artísticas do que exercícios feitos.


Vida mansa, à medida do possível

Coisas que acontecem, não me orgulho. Mas também não me arrependo. A arte é uma maneira de, enlouquecendo, não enlouquecer. Faria tudo de novo, só que dividindo melhor meu tempo.

...

Tá, talvez eu não faria tuudo de novo. Me arrependo muito só de uma coisa: ter dado tanta atenção para o meu lado tímido.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Enquanto isso, na aula de Química

Sabe, acho que conhecimento demais faz mal a um ser humano. Não que a felicidade só venha quando se é ignorante, mas algo estranho acontece no cérebro após exaustivos estudos de Estequeometria ou uma leitura de O Capital. Ou vais dizer que é normal um ser humano, sob um calor escaldante, comprar uma garrafinha de água mineral e refletir, considerar toda a trajetória desse produto desde a comunidade primitiva e lamentar a mais-valia enquanto nota que o rótulo contém mais informações que uma bula - como concentração de íons Lítio, condutividade elétrica e pH na fonte. Não que eu já tenha feito isso, é só um exercício mental. Lembre-se que Einstein revolucionou a Física após começar a imaginar serelepe, sem querer dar limites às suas divagações.


“Imagine um elevador. Agora imagine que esse elevador pode viajar pelo espaço. Agora imagine que ele está na velocidade da luz, e você se encontra dentro dele (…)” – Albert Einstein, num passeio agradável pelo mundo da lua Parque do Ibirapuera

Pois bem, imagine uma aula onde, a certa altura, um exercício de imaginação é sugerido.

Professor:
- Função radial, pois é. Imagina uma cebola. Tão imaginando? Agora pensa comigo, a primeira camada possui uma certa propriedade que só aquela camada tem. A segunda camada possui outra. Vai ver tem outra densidade, enfim. A terceira tem outra diferente. Aí você chega na casca, que tem propriedades diferentes de qualquer outra camada. Passando da casca, a próxima camada é uma cebola mais transparente. Quanto mais externa a camada, mais transparente vai ficando a cebola. E quando a cebola termina?
Turma:
- ...
Professor:
- Ora, nunca! A cebola é infinita!!
Turma:
- ...........
Professor:
- Então, senhores, até a semana que vem. Não se esqueçam da lista de exercício.

Sério, não consigo imaginar Hebe Camargo nem Dercy Gonçalves recitando e provando o Teorema da Cebola Infinita. Talvez faltasse noções matemáticas/químicas. Talvez aí esteja o segredo de suas longevidades. Devaneios e estudo são extremamentes desgastantes. E não se pode esquecer que Marie Curie morreu bem jovem. Não, nada a ver com o fato de pesquisar radioatividade pegando um pedaço de Urânio com a mão; com certeza foi excesso de conhecimento. Aposto dois fótons na certeza de que ela sabia provar a infinitude da cebola.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Frase da Semana


"Todo homem precisa ter um pouco de loucura. Senão, nunca irá romper a corda e ser livre." - Zorba, o Grego